segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Máscara de Borboleta

1 - Máscara de borboleta


Material:

- Folha de papel canson branco, 50x65cm;
- Cartolina, 43x33cm;
- Papel crepe em cores vivas;
- Arame para flores, 60cm;
- Bolas de esferovite colorida, 7;
- Cola para papel;
- Elástico, 60 cm;
- Tesoura;
- Lápis;
- Régua graduada.



2 - Molde
Passo a Passo:


1 - Sobre a cartolina, reproduza o molde da máscara (2). Recorte.

2 - Coloque o molde sobre o papel canson. Com o lápis, trace o contorno. Recorte.

3 - Faça um orifício nos pontos E, assinalados a encarnado, e no ponto A, assinalado a encarnado (2).



3 - Parte de trás da máscara. Molde da "escama".


4 - Sobre cartolina, desenhe um rectângulo com 10 x 5cm. Trace um semicírculo num dos lados(3). Recorte.

5 - Coloque o molde obtido (passo 4) sobre papel crepe de várias cores. Recorte uma série de formas iguais "escamas". 

6 - Cole sobre as faces da máscara uma série de "escamas", contornando e ultrapassando as extremidades (3 e 1).

7 - Sobreponha nova camada de "escamas". Não cole as partes redondas, deixe-as soltas (1).

8 - Para o corpo da borboleta, recorte um triângulo em papel colorido. Cole sobre o nariz da máscara (1). Coloque sobre este 5 bolas de esferovite.

9 - Para as antenas da borboleta, corte o arame em duas partes iguais. Coloque uma bola de esferovite na extremidade de cada uma das partes. Fixe as outras duas extremidades no ponto A, assinalado a encarnado (3).

10 - Prenda o elástico nos orifícios E, que correspondem às orelhas, assinalados a encarnado (3). 


domingo, 26 de fevereiro de 2017

Almada Negreiros - Cartoon

João Abel Manta, cartoon, 1971



O artista plástico José de Almada Negreiros (1893-1970), homenageado pelo arquitecto, pintor e ilustrador João Abel Manta.


Fontes: 
João Abel Manta,Cartoons 1969-1075. Edicões "O Jornal", 1975. Lisboa

https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Abel_Manta

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Lenços de mão bordados I Portugal

Lenço de cambraia e renda de agulha de Bruxelas, século XIX; dimensões: 364 x 360 mm. Pertenceu à colecção da Rainha D. Amélia de Portugal. De forma quadrada, num dos cantos está ornamentado pela coroa real. Sob a coroa real, vê-se a inicial "A", de Amélia. Siqueira, Maria Laura Viana (1977). "Lenços", Ensaios nº 9. Museu Nacional dos Coches.  Ministério da Comunicação Social: Lisboa  



O lenço como acessório ornamental do traje aparece na Itália renascentista do século XVI. Sendo um dos acessórios muito apreciado, como os leques e as luvas, foi adoptado pela França e Alemanha.


No decorrer dos séculos XVII, XVIII e XIX, o lenço mantém destaque como complemento do traje e torna-se requintado, guarnecido das mais belas e preciosas rendas.














Lenço de cambraia e rendas, bordado à mão, século XIX. De forma circular, é composto por cambraia bordada e rendas. No centro, cercadura bordada com motivos vegetais e iniciais coroadas. O lenço é rematado por um largo folho de renda Valenciennes Dimensões: 397 mm. Pertenceu à colecção da Rainha D. Amélia de Portugal. Siqueira, Maria Laura Viana (1977). "Lenços", Ensaios nº 9. Museu Nacional dos Coches.  Ministério da Comunicação Social: Lisboa  
Lenço de cambraia e renda, bordado à mão, 1900-1905. De forma quadrada, num dos cantos está ornamentado pelo monograma coroado de Amélia de Orléans. Faixa bordada formando medalhões. O lenço é rematado por renda Valenciennes, com decoração de motivos florais e vegetalistas. Dimensões: 400 x 385 mm. Pertenceu à colecção da Rainha D. Amélia de Portugal. Museu Nacional do Traje e da Moda transferido do Museu Nacional dos Coches. MatrizNet

No século XIX, os lenços dividem-se em duas categorias: o lenço vulgar, confeccionado de cassa ou cambraia lisa, sem ornamentação ou guarnecido por uma simples bainha aberta e rematado por renda de bilros, destina-se a uso diário;
o lenço mais delicado, trabalhado cuidadosamente sobre cassa ou cambraia fina, rematado de belas e preciosas rendas, sobressai como acessório ornamental do traje. 


Lenço de cambraia de linho, bordado à mão; 1900. Lenço de forma quadrada, de bordos recortados, ornamentado por uma cercadura bordada de pequenos ramos e folhinhas soltas. Num dos cantos o monograma da Rainha D. Amélia de Portugal, encimado por uma coroa. Dimensões: 370 x 360mm. Pertenceu à colecção da Rainha D. Amélia de Portugal. Siqueira, Maria Laura Viana (1977). "Lenços", Ensaios nº 9. Museu Nacional dos Coches.  Ministério da Comunicação Social: Lisboa  

Lenço de cambraia de linho, bordado à mão; 1900. Lenço de forma quadrada, de bordos recortados, ornamentado por uma cercadura bordada de pequenos ramos e folhinhas soltas. Num dos cantos o monograma da Rainha D. Amélia de Portugal, encimado por uma coroa (pormenor). MatrizNet

Nas décadas de 30 e 40, do século XIX, o lenço atinge o seu mais alto grau. A par dos acessórios femininos desta época, o lenço merece especial atenção, ornamentado de bordados finíssimos, frescos e leves, marcando o bom gosto e a elegância de quem o usa.
Na década de 50, a ornamentação das margens torna-se mais discreta em relação aos cantos. Sobressaem monogramas guarnecidos de flores e grinaldas, bordados num canto ou no centro do lenço.

Lenço de cambraia e renda, bordado à mão; século XIX. Lenço de forma quadrada, com cercadura em crivo com ramos dispersos e iniciais bordadas. Renda de bilros estreita remata o lenço. Ornamentação nos quatro cantos de diversos motivos figurados e respectivas legendas: "Saudade"; "O Filho Pródigo"; "O Pagem do Duque de Bretanha"; " O Homem Ciozo". Dimensões: 490 mm. Pertenceu a Maria Lobo de Ávila Lima. Siqueira, Maria Laura Viana (1977). "Lenços", Ensaios nº 9. Museu Nacional dos Coches.  Ministério da Comunicação Social: Lisboa  
Lenço de cambraia e renda de agulha de  Bruxelas; século XIX. Lenço de forma quadrada, tem o centro em cambraia finíssima ornamentado por renda com motivos florais diversos. Siqueira, Maria Laura Viana (1977). "Lenços", Ensaios nº 9. Museu Nacional dos Coches.  Ministério da Comunicação Social: Lisboa  
Lenço de linho e renda, bordado à mão; século XIX. Ao centro um pequeno quadrado de linho, contornado por barra trabalhada em crivo finíssimo com decoração floral. Remate em renda de bilros com bordos recortados. Dimensões: 410 mm. Siqueira, Maria Laura Viana (1977). "Lenços", Ensaios nº 9. Museu Nacional dos Coches.  Ministério da Comunicação Social: Lisboa  

O Correio das Damas: jornal de litteratura e de modas, 1 de Julho de 1836, tomo 1 (na imagem, a senhora que está sentada segura um lenço rematado por folho, na mão esquerda.). - Biblioteca Nacional de Portugal 
O Correio das Damas: jornal de litteratura e de modas, 1 de Agosto de 1836, tomo 1, pág. 114. (pode ler-se no canto superior esquerdo, a tendência da moda sobre o uso de lencinhos - Biblioteca Nacional de Portugal
Modas.
 (...)
- Os fichús, ou lencinhos á camponesa; os guarnecidos de renda, ou de prégas, são os que as Senhoras agora empregam. Os lencinhos ou fichús guarnecidos de renda são os mais elegantes pela variedade e bom gosto que nelles se nota.
(...)
O Correio das Damas: jornal de litteratura e de modas, 1 de Agosto de 1836, tomo 1, pág. 114 (em cima, na imagem, canto superior esquerdo)

O Correio das Damas: jornal de litteratura e de modas, 1 de Abril de 1837, tomo 2 (na imagem, a senhora segura um lenço e um leque na mão esquerda). - Biblioteca Nacional de Portugal

Lenço de tecido e renda de bilros; século XIX-XX. Renda de bilros com motivos florais; decoração de fuccias. Dimensão 280 x 280 mm. Autoria de Maria Augusta de Prostes Bordalo Pinheiro. Museu do Chiado - Museu Nacional de Arte Contemporânea. MatrizNet.
Lenço de linho e renda, bordado à mão; século XIX. Lenço de forma quadrada, rematado nas extremidades por renda de bilros estreita.  Ao centro, um pequeno quadrado de linho, com monograma bordado, ornamentado em toda a volta por larga barra em bainha aberta com pontos diferentes. Dimensões: 320 mm. Siqueira, Maria Laura Viana (1977). "Lenços", Ensaios nº 9. Museu Nacional dos Coches.  Ministério da Comunicação Social: Lisboa  
Lenço de cassa e renda, bordado à mão; século XIX. Lenço de forma quadrada, ornamentado por cercadura bordada formando pequenos quadrados. Cada um dos quadradinhos tem bordado um motivo floral. O lenço é rematado nas extremidades por renda de bilros Valenciennes. Dimensões: 470 x 460mm. Siqueira, Maria Laura Viana (1977). "Lenços", Ensaios nº 9. Museu Nacional dos Coches.  Ministério da Comunicação Social: Lisboa  
A partir da década de 60, do século XIX, o bordado simplifica-se, os motivos tornam-se mais rígidos e perdem muito da sua leveza anterior. É comum verem-se lenços com um simples motivo bordado a um canto e as iniciais dos monogramas mais reduzidas e menos ornamentadas. 

Nos lenços mais elaborados, embora o bordado se simplifique, a renda continua a aplicar-se, sendo a renda de Valenciennes a mais utilizada.


Lenço de cassa e renda; século XIX. Centro de cassa lisa. Guarnecido de renda francesa ou belga, apresenta os cantos e lados recortados. Dimensões: 318 x 315 mm. Foi usado por Celeste Cinatti, mãe de D. Beatriz Cinatti Batalha Reis, a 5 de Setembro de 1872, dia do seu casamento com Jaime Batalha Reis. Oferecido por D. Beatriz Cinatti Batalha Reis, ao museu. Siqueira, Maria Laura Viana (1977). "Lenços", Ensaios nº 9. Museu Nacional dos Coches.  Ministério da Comunicação Social: Lisboa  


Lenço de cambraia e renda Valenciennes, bordado à mão; século XIX. Lenço de forma quadrada, com centro de cambraia decorado por uma faixa bordada de motivos fitomórficos, aplicada sobre a renda das extremidades. Num dos cantos vêem-se bordadas as iniciais "B. C.", de Beatriz Cinatti, pessoa de família da doadora, que usou este lenço no dia do seu casamento, anterior a 1871. Dimensões: 377 x 360 mm. Oferecido por D. Beatriz Cinatti Batalha Reis, ao museu.  Siqueira, Maria Laura Viana (1977). "Lenços", Ensaios nº 9. Museu Nacional dos Coches.  Ministério da Comunicação Social: Lisboa


Lenço de cassa, bordado à mão; século XIX. Lenço de forma quadrada, de cantos e lados arredondados com recorte miúdo em caseado. Ornamentado por motivos florais e animalistas. Nos cantos vêem-se cornucópias floridas, veados e corças. Os motivos animalistas são executados em ponto de cadeia minúsculo, e os motivos florais em ponto de agulha, a cheio, ilhós e pintinhas. Dimensões: 410 x 400mm. Siqueira, Maria Laura Viana (1977). "Lenços", Ensaios nº 9. Museu Nacional dos Coches.  Ministério da Comunicação Social: Lisboa  

No decorrer do século XIX, as proporções dos lenços sofrem alterações. Os lenços de cerca de 60 cm de lado, passam para 45 cm após meados do século, e para 30 cm nos finais do século, diminuindo as dimensões à medida que o século avança.


O Correio das Damas: jornal de litteratura e de modas, 31 de Maio de 1844; legenda: "Chapéo de escomilha. Vestido de seda. Mangas e fichú de cassa. Chapéo de gase. Vestido de seda. Mantelete de tarlatana." A senhora que está sentada segura um fichú (lencinho guarnecido de renda) de cassa, na mão direita. Biblioteca Nacional de Portugal


O Correio das Damas: jornal de litteratura e de modas, 31 de Maio de 1844, pág. 40. (pode ler-se no canto superior esquerdo, exemplo de toilette de passeio, em que o lenço é acessório ornamental do traje) - Biblioteca Nacional de Portugal.


Modas.

Toilettes diversas.

Toilette de passeio. -  (...)

Dita. -  Chapéo de palha de arrôz, ornado de uma ave do paraiso e fitas côr de rosa. Vestido de grô de India, côr de bronze, guarnecido em roda da saia de dois folhos. Corpo liso e decotado. Mangas justas. Manta de barége branca. Cabeção e punhos de renda. Luvas brancas. Lenço de assoar de cambraia, guarnecido de rendas. Botinhas pretas.
O Correio das Damas: jornal de litteratura e de modas, 31 de Maio de 1844, pág. 40 (na imagem, em cima, canto superior esquerdo).
O Correio das Damas: jornal de litteratura e de modas, 31 de Outubro de 1852 (na imagem, as senhoras seguram lenço, na mão direita). Biblioteca Nacional de Portugal
O Correio das Damas: jornal de litteratura e de modas, 31 de Outubro de 1852, pág. 174 (pode ler-se  na coluna da direita, ao centro, exemplo de toilette de passeio,  em que o lenço é acessório ornamental do traje). Biblioteca Nacional de Portugal
Modas.
 Toilettes diversas.
Toilette de passeio. - (...) 
Dita. - Chapéo de cetim branco, ornado de plumas e fitas da mesma côr. Vestido de tafetá côr de ganga, guarnecido em roda da saia de quatro ordens de folhos estampados com listas escarlate e brancas; e na extremidade ornados de uma pequena franja branca. Corpo liso, afogado e aberto até á cintura, ornado no decote de uma banda, descendo até á cintura. Mangas largas, e guarnecidas de cinco ordens de folhos, iguaes aos da saia. Sob-mangas e camizeta de renda. Luvas brancas. Lenço de assoar de cambraêta de linho bordado. Botinhas de setim preto.
O Correio das Damas: jornal de litteratura e de modas, 31 de Outubro de 1852, pág. 174  (na imagem, em cima,  coluna da direita, ao centro).

Lenço de amor; século XX. Lenço de forma rectangular, cor bege, bordado a ponto cruz com linha laranja. A orla é recortada, debruada com linha bege, em ponto de casear. A peça tem dois entremeios de crivo branco. Dimensões: 48,5 X 51 cm. Proveniência: Meadela. Museu Nacional de Etnologia. MatrizNet
Lenço de amor; século XX. Lenço de forma rectangular, cor algodão branco, bordado a ponto de cruz com linhas verde e vermelha. A orla é rectilínea guarnecida com renda industrial branca. O motivo central apresenta um escudo real, cercado por uma silva que forma um quadrado.  Dimensões: 43,5 X 46,5 cm. Proveniência: Barcelos. Museu Nacional de Etnologia. MatrizNet
Lenço de namorados; século XIX. Lenço em cambraia bordado à mão. Cercadura de cravos bordada a encarnado e azul em ponto de cruz. Contornando os quatro lados do lenço, lêem-se as seguintes legendas: " Se ha nas dadivas pomposas" / "Monumentos de vaidade" / "Ostentao pequenos mimos" / "Penhor de pura amisade". Ao centro, pequeno rectângulo bordado com cravos minúsculos. Dimensões: 680 X 700 mm.
Siqueira, Maria Laura Viana (1977). "Lenços", Ensaios nº 9. Museu Nacional dos Coches.  Ministério da Comunicação Social: Lisboa  
Os lenços de namorados, bordados pelas raparigas casadoiras, eram oferecidos aos seus noivos e eles usavam-nos com o seu traje domingureiro. As quadras bordadas e outras decorações de sabor popular, são por vezes, passadas entre gerações de mulheres da mesma família.


Revista "Modas e Bordados", nº 1663, de 22 de Dezembro de 1943., pág. 13. Sugestão de bordados para lencinhos, executados em crepe georgette branco, ou outras cores em tons claros.

Revista "Modas e Bordados", nº 1595, de 2 de Setembro de 1942, pág. 14. Sugestão de bordado para canto de lenço.

Revista "Modas e Bordados", nº 1601, de 14 de Outubro de 1942, pág. 12. 

Para guardar os lenços

Bonito "sachet" em crepe de China ou cambraia verde claro, onde os lenços mais delicados estariam perfeitamente acomodados. O "sachet" é acolchoado, sendo o motivo florido bordado a "ponto de argola" para as flores e a "cheio" para as folhas.
Revista "Modas e Bordados", nº 1601, de 14 de Outubro de 1942, pág. 12. 

Lenço de linho, bordado à mão; cerca de 1950.  Lenço de forma quadrada, em linho branco. Canto com motivos vegetalistas em ponto de agulha, a cheio e ponto pé de flor minúsculo, e motivos florais em ponto de agulha, em bordado inglês. Bordado com linha branca. Dimensões: 410 x 400mm. Extremidade do canto com recorte miúdo caseado (foto "comjeitoearte").

Lenço de cambraia, bordado à mão; século XX. Lenço de forma quadrada, em cambraia branca. Canto com motivos florais em ponto de agulha, a cheio, ajour e crivo bordado. Bordado com linha branca. Dimensões: 260 x 260mm.(foto "comjeitoearte").
Além do lenço de mão e do lenço de algibeira, existem os lenços de cabeça, os lenços de pescoço, e o lenço "tabaqueiro", menos conhecido que os anteriores. Este tipo de lenço está ligado ao uso de rapé, hábito difundido na sociedade do século XIX, e inícios do século XX. O grande formato e a confecção em tons escuros com largas barras de riscas, caracterizavam este lenço. 

Lenço de linho, bordado à mão; século XX.  Lenço de forma quadrada, em linho branco. Canto com monograma e motivos  florais em ponto de agulha, a cheio, ponto pé de flor minúsculo e ponto de sombra. Bordado com linha branca e cor de rosa. Extremidade do canto com recorte miúdo caseado, bordado com linha cor de rosa. Dimensões: 320 x 320mm.(foto "comjeitoearte").

Lenço de cambraia, com renda industrial alemã; cerca de 1970. Lenço de forma quadrada, guarnecido nas extremidades com renda. Dimensões: 270 X 270mm (foto "comjeitoearte").

Lenço de seda, com renda de bilros; cerca de 1940. Lenço de forma quadrada, guarnecido nas extremidades com renda de bilros. Dimensões: 210 X 220mm (foto "comjeitoearte").


Na literatura portuguesa, mais concretamente na obra "A Ilustre Casa de Ramires", de Eça de Queirós (1845-1900), o uso do lenço, para além de símbolo de estatuto, tem "linguagem própria"...  

(...)
O Cavaleiro, ao espelho, esticava o fraque - que experimentara abotoado, depois repuxadamente aberto sobre o colete de fustão cor de azeitona onde, no trepasse largo, tufava a gravata de sedinha clara, prendida por uma safira. Por fim, encharcando o lenço com essência de feno:
(...) Cólera contra a irmã que, calcando pudor, altivez de raça, receio dos escárnios de Oliveira, tão fácil e estouvadamente como se calcam as flores desbotadas de um tapete, correra ao mirante, ao macho da bigodeira, apenas ele lhe acenara com o lenço almiscarado! (...)
Queiróz, Eça. A Ilustre Casa de Ramires, Livros do Brasil: 2015. (págs. 190 e 272).
Retrato da rainha D. Maria Pia, cerca de 1875-1885. Óleo sobre tela. Autor: Louis S. MaeterlincK. Dimensão: 239 x 138.cm. Palácio Nacional de Mafra. (A rainha segura um lenço na mão direita). MatrizNet



(...)

Na alta sociedade das cortes desenvolveu-se com o tempo uma linguagem elaborada dos lenços de assoar. Desta forma, o acenar com um lenço na partida significava: “Vou permanecer-te fiel!; um lenço pendurado na janela avisava: “Cuidado estou a ser vigiada!”; um lenço deixado cair do bolso das calças como que por acaso queria dizer: “O meu coração pertence a outrem.”
 (...)
RANGA YOGESHWAR, Almanaque da Curiosidade Casa das Letras. 1ª ed  2011. págs. 151 e 152. 
   

Retrato da rainha D. Catarina de Bragança, cerca de 1662-1668. Óleo sobre tela. Autor: Desconhecido. Dimensão: 163 x 133.cm. Museu Nacional dos Coches. (A rainha segura um lenço na mão direita, pousada sobre o regaço). MatrizNet

Fontes:

Siqueira, Maria Laura Viana (1977). "Lenços", Ensaios nº 9. Museu Nacional dos Coches.  Ministério da Comunicação Social: Lisboa  

Queiróz, Eça. A Ilustre Casa de Ramires, Livros do Brasil: 2015. (págs. 190 e 272).


RANGA YOGESHWAR, Almanaque da Curiosidade Casa das Letras. 1ª ed  2011pág 152

https://books.google.pt/books?id=kkxNheyXNiYC&hl=pt-PT&source=gbs_navlinks_

http://purl.pt/14346

http://www.matriznet.dgpc.pt/matriznet/home.aspx


terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Montras de São Valentim

Loja Cartune, Avenida Marconi, Lisboa (foto "comjeitoearte") 


Loja Swarovski, Rua Garrett, Lisboa (foto "comjeitoearte") 


Loja Calzedonia, Avenida Guerra Junqueiro, Lisboa (foto "comjeitoearte") 


 Loja Intimissimi, Rua Augusta, Lisboa (foto "comjeitoearte") 

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Cesário Verde I A casa de Linda-a-Pastora

José Joaquim Cesário Verde (1855 - 1886) entre 17 e 18 anos (fonte: "PANORAMA", Revista Portuguesa de Arte e Turismo, Nº 14, Abril de 1943, p. 30.). 

Local de trabalho, na casa de Linda-a-Pastora, onde Cesário Verde compôs muitos dos seus belos versos. A mesa pertenceu a Almeida Garrett. (Fonte: "PANORAMA", Revista Portuguesa de Arte e Turismo, Nº 14, Abril de 1943, p. 29). 

João Baptista Verde, tio-avô do poeta, e seu irmão António José Verde, avô de Cesário, adquiriram a um padre, em 1797, uma granja no Vale do Jamor, a Quinta de São Domingos, Linda-a-Pastora. A casa de família foi enriquecida com objectos de valor: mobiliário de "boa linhagem"; telas de mestres representando idílicas paisagens; desenhos do pintor António Domingos de Sequeira; livros; manuscritos, retratos e recordações.  

Vista da paisagem na Quinta de São Domingos, Linda-A-Pastora (PANORAMA, Revista Portuguesa de Arte e Turismo, Nº 14, Abril de 1943, p. 32.). 

A quinta de Linda-a-Pastora, beneficiada por ares sadios, foi local de refúgio para a família Verde, quando em Maio de 1856 a cólera invadiu a capital. José Anastácio Verde, pai de Cesário, dando largas ao seu passatempo favorito, desenvolveu na quinta de São Domingos,  a produção agrária, sobretudo frutícola.

A paisagem ampla, pontuada por casario e farto arvoredo, foi fonte de inspiração para Cesário Verde.


Quinta de São Domingos, Linda-a-Pastora (fonte: "PANORAMA", Revista Portuguesa de Arte e Turismo, Nº 14, Abril de 1943, p. 29.). 

Em Maio de 1861, nasceu Jorge Verde, último membro do agregado familiar.

Em 1919, o incêndio que deflagrou num dos corpos da  casa, consumiu os livros de Cesário, desenhos de António Domingos de Sequeira, numerosas obras bibliográficas e artísticas. O então proprietário Jorge Verde, irmão de Cesário, soube do incêndio, em Paris. 

Nesta cidade, em 1921, traduziu para francês, como Poésies Portugaises, oito dos vinte e dois poemas do irmão (reunidos em O Livro de Cesário Verde, por Silva Pinto, e publicados em 1877), de Antero de Quental, de António Nobre e alguns dele próprio. 


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Cesário Verde, por Columbano Bordalo Pinheiro. "O Livro de Cesário Verde". Publicado por Silva Pinto, em 1877, com dedicatória a Jorge Verde, irmão de Cesário. Biblioteca Nacional de Portugal.


"O Livro de Cesário Verde". Publicado por Silva Pinto, em 1877, com dedicatória a Jorge Verde, irmão de Cesário. Biblioteca Nacional de Portugal.
Estudos para o livro de Cesário Verde. Técnicas: Lápis de cera, guache, tinta-da-china, tinta estilográfica/castanha/preta, e pastel. Material: papel e cartolina. Autor: Bernardo Marques (1898-1962). Colecção Fundação Calouste Gulbenkian CAM


Casa Cesário Verde, em Linda-a-Pastora, Junta de Freguesia de Queijas (2017)

Casa de Cesário Verde, em Linda-a-Pastora, Município de Oeiras (2017)  


João Baptista Verde, tio-avô de Cesário, travou amizade com António Domingos de Sequeira, quando o pintor visitou a família, a convite de Manuel Baptista Verde, pai de João Baptista e Mariana Benedita Vitória Verde. Em 1809, Sequeira casou com Mariana Benedita da qual teve dois filhos. Enviuvou quando nasceu o segundo filho Domingos, que viria a morrer prematuramente. 

Realizou o retrato da mulher Mariana Benedita e do irmão desta, seu grande amigo, João Baptista, onde se fez representar. O quadro encontra-se no Museu Nacional de Arte Antiga
  

Retrato de Mariana Benedita Vitória Verde e de João Baptista Verde (1809), óleo sobre tela (66,5 x 48,5cm). Autor: António Domingos de Sequeira (1768-1837). O pintor está representado ao fundo à esquerda. Museu Nacional de Arte Antiga. MatrizNet


Fontes:

"PANORAMA", Revista Portuguesa de Arte e Turismo, Nº 14, Abril de 1943.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ces%C3%A1rio_Verde
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Baptista_Verde
https://sigarra.up.pt/up/en/web_base.gera_pagina?p_pagina=1024015
http://www.jf-queijas.pt/patrimonio.php
http://www.cm-oeiras.pt/Paginas/cmo_homepage.aspx
http://www.bnportugal.pt/
http://www.matriznet.dgpc.pt/MatrizNet/Objectos/ObjectosConsultar.aspx?IdReg=268745
https://gulbenkian.pt/museu/colecao-do-fundador/